A freguesia de Mesquinhata está situada num extremo do concelho de Baião, a cerca de 15 quilómetros da sede concelhia, no distrito do Porto, e estende-se pela encosta acima desde o rio Douro, até às penedias do Marão.
Mesquinhata tem por orago Santiago, celebrado todos os anos na freguesia, a 25 de Julho. Tiago, juntamente como o irmão S. João Apóstolo, foi chamado por Jesus a deixar a sua vida como pescador no mar da Galileia e tornou-se um dos seus discípulos mais próximos, tendo testemunhado a Sua transfiguração e a Sua agonia no jardim do Getsémani; foi o primeiro apóstolo a morrer pela sua fé. Tiago foi morto pela espada no ano 44, por ordem do rei Herodes Agripa, que desejava agradar aos opositores judeus do cristianismo. A ideia datada do século VII, de que Tiago pregou o Evangelho em Espanha, é apócrifa, mas duzentos anos depois Santiago de Compostela afirmou possuir as suas relíquias, tendo-se tornado um dos maiores centros de peregrinação no Ocidente.
A freguesia, localizada na encosta nascente de um pequeno vale, onde se estende a ribeira da Roupeira, que tem a Sul o Douro, no qual desagua, tem como limites as freguesias de Grilo e Santa Leocádia e o concelho de Marco de Canaveses. A sua área não é muito povoada e nela abundam o pinheiro bravo e o eucalipto.
Por definição, Mesquinhata é substantivo feminino, designando terra onde trabalhavam mesquinos (servos adstritos a certa propriedade) e que eram considerados infelizes pela sua posição na sociedade, que pouco se distinguia da de escravos. O senhor da mesquinhata, quando a vendia ou trocava, passava-o para o novo possuidor com os seus mesquinos, que tinham condição hereditária. D. Dinis e D. Pedro acabaram com as mesquinhatas e D. João II aboliu-as definitivamente.
Este topónimo, Mesquinhata, aparece no ano 1066, sob a forma “Maskinata”, e em 1258, nas Inquirições de D. Afonso III, como “Maciata”, sofrendo depois a evolução para “Manciata”, conforme se chamava em 1302; “Macinhata”, em 1307 e 1320, e “Mizquinhata”, já em 1530.
Uma via romana, que proveniente do Castro Soalhão (Soalhães, Marco de Canaveses) atravessava esta freguesia, testemunha a antiguidade do povoamento do seu território, na medida em que um dos seus marcos miliários foi descoberto em meados do século XX, no lugar da Carreirinha, tendo sido confiado ao Museu Municipal de Baião. Porém, o povoamento do território da freguesia não só é coevo do domínio romano, como lhe antecede, conforme o atestam as diversas mamoas que se podem observar na sucessão de pequenos planaltos que encimam a parte alta da freguesia.
Paroquialmente, Mesquinhata teve também fundação remota, surgindo documentada, pelo menos desde o século XIII, no que era chamado de “Rol das igrejas do rei”, aparecendo aqui registada como “Sanctus Jacobus de Matiata”.
Mesquinhata foi um curato anexo à abadia de Soalhães e da apresentação dos Viscondes de Ponte de Lima.
No seu património cultural e edificado, merecem especial menção a Igreja Paroquial, a Casa de Aldeia, com capela particular, e a Casa da Cocheca, também com a sua capela particular, dedicada à Senhora da Piedade. Acrescenta-se ainda a Casa e a Quinta de Santo António de Nogueira, com capela desta invocação, a Casa de Vale de Lobo, das mais antigas da freguesia, e a Casa do Pedregal, com a sua capela. A actividade económica predominante nesta zona é a agricultura, com a sua considerável produção de citrinos, especialmente laranja. A construção civil desempenha também um papel fundamental na economia local, pois dela dependem muitas das pessoas aqui residentes.
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